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Evento homenageia personalidades que contribuíram com a história do Clube Estrela da Manhã

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O município que tem aproximadamente 70% de sua população afrodescendente rendeu na noite desta quinta-feira (20) homenagens ao povo negro e à sua importante participação política e cultural na formação histórica de Tibagi na comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra. A ação promovida pelo Clube Estrela da Manhã juntamente com o Departamento de Cultura uniu talentos da cidade e inaugurou a Galeria dos ex-presidentes da entidade contando com a presença de familiares dos homenageados.

Maria Olímpia do Prado, atual presidente da Associação Recreativa do Clube Estrela da Manhã, declarou, emocionada, estar feliz em poder homenagear importantes personalidades que contribuíram com a história dos 80 anos do clube. “É uma alegria imensa recordar e manter viva a memória destes bravos tibagianos que venceram preconceitos e trabalharam em prol da comunidade negra, pensando também no lazer de seu povo, como nas antigas e sempre lembradas histórias de festas e carnavais do Estrela da Manhã”, ressaltou.

A prefeita Angela Mercer de Mello não escondeu sua emoção ao assistir a apresentação do grupo vocal afro que referenciou os 10 anos do grupo Sorriso Negro. “Foi lindo e emocionante. Espero que seja o reinício deste grupo que fez história ao apresentar a pluralidade da nossa cultura”, pontuou. “Também destaco a alegria contagiante do grupo de dança africana Kamimambo e do grupo de percussão Kandando, além do grupo de capoeira, rap, e alunos do projeto Mais Educação do Colégio Irênio Nascimento”, salientou.

Angela mencionou o seu compromisso, enquanto educadora, de contribuir com o futuro e a qualidade de vida de todos os cidadãos, mantendo como alicerce o respeito pela diversidade, com planejamento e sem esquecer a história local. “A origem de Tibagi tem os negros presentes em cada momento e que deixaram uma rica herança na cultura, na culinária, nos costumes e até nas festas como é o caso do carnaval”, citou. “O objetivo é reavivar o negro no nosso município, lembrando sua importância desde a época da escravidão até nossos dias. Por isso parabenizo o ex-vereador Luizão pela iniciativa de ainda no meu mandato como vereadora, aprovar o projeto de Lei que implantou a Semana da Consciência Negra em Tibagi”, indicou.

Convidado especial para o evento, o professor Luiz Carlos Taques Ribeiro apresentou uma palestra engajando a relação da data da consciência negra com sua história pessoal. “Acredito que é só através da educação que construiremos de fato uma sociedade realmente justa. Esta data de 20 de novembro quer nos despertar pela luta pelas minorias, seja quais forem”, apontou. “Recordo o pensamento de Nelson Mandela que diz que ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar,
podem ser ensinadas a amar. É esta mensagem que quero deixar nesta noite”, finalizou.

Atividades

Durante à tarde, alunos do Colégio Irênio Moreira Nascimento através do Projeto Mais Educação mostraram as iniciativas culturais que desenvolvem no âmbito escolar. À noite foi a vez da apresentação do Grupo Vocal Afro, Grupo de Dança Africana Kamimabo e Grupo de Percussão Kandando, além do rap do Mc Neto Ribeiro e grupo de capoeira.

História dos Negros em Tibagi

O Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Junior tem vários objetos e documentos que apresentam a participação dos negros na formação da identidade cultural do município. No livro de Edmundo e Alberto Mercer, História de Tibagi, alguns aspectos da escravidão são abordados. Quando José Félix veio residir e tomar posse da Fazenda Fortaleza, no século 18, com ele vieram aproximadamente 100 escravos. Ele os mantinha em sua sede para trabalhar na lavoura, lembrando que Félix combatia os índios da região junto de seu compadre e capitão-do-mato Antonio Machado Ribeiro.

Depois de ajudar no combate aos índios, Machadinho ganhou de seu compadre terras à margem esquerda do Rio Tibagi. Ali, por volta de 1794, tomou posse e trouxe junto sua família e também alguns escravos. Primeiramente, os negros eram usados na lavoura, mas mais tarde, com o boato de descobertas de diamantes no rio, Machadinho colocou seus escravos à procura de pedras preciosas. Conta-se que negros que conseguiam passar mais tempo submerso eram mais valiosos, porque ainda se praticava o mergulho a fôlego para buscar pedras preciosas no fundo do rio.

Algumas décadas depois, os herdeiros de Machadinho, instalados com mineiros que vieram do Nordeste do Brasil, receberam a notícia da abolição da escravidão, em 1888. Aqui repercutiu com muita alegria. Os fazendeiros e senhores de escravos de então, cumpriram a Lei Áurea com toda presteza, libertando todos seus escravos, relatam os historiadores Edmundo e Alberto Mercer.

Foi assim que Tibagi ganhou grandes e honestas famílias de negros. Aqui se radicaram, se multiplicaram e trabalharam para o engrandecimento e progresso de sua terra. Uma curiosidade interessante é que todos os escravos libertos adotaram como seus os nomes dos seus antigos senhores. Assim, quase todos os descendentes de escravos de Tibagi conservam ainda hoje sobrenomes como Taques, Bittencourt, Barbosa, Ribeiro, Machado, Novaes, Mercer, Santos, entre outros.

Com a liberdade, famílias de escravos passaram a residir numa área de terra doada entre Tibagi e Castro, onde fundaram um povoado denominado São Damas ou São Damázio. A contribuição das famílias negras de Tibagi é valiosa até os dias de hoje. Deixaram herança na culinária que passa por várias gerações, fundaram o Clube Estrela da Manhã e firmaram a identidade de Tibagi através das artes, esportes, música e costumes.

Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão e à inserção do negro na sociedade. A data foi escolhida em homenagem à morte de Zumbi dos Palmares e a semana que antecede a data mobiliza o país com palestras e eventos educativos.

Texto: Assessoria de Comunicação

Imagens: Maurício Chizini

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